Três ciclistas que já cruzaram os estados do Paraná e Santa Catarina de leste a oeste e, em 2020, pretendem pedalar do oceano Atlântico ao Pacífico, se sensibilizaram com a ameaça de redução de 70% da Área de Proteção Ambiental (APA) da Escarpa Devoniana e decidiram percorrer, em oito dias, os 12 municípios por onde passa a unidade de conservação. Serão mais de 550 quilômetros pedalando.
Apesar de parte do trajeto ser feito pelas principais rodovias que ligam as cidades, o esforço relembra a “Rota dos Tropeiros”, que criaram, no século 18, as vilas, que mais tarde viraram os 12 municípios por onde hoje passa a APA. O trio vai passar por locais por onde os tropeiros andaram décadas atrás; daí o nome “Ciclo-Tropa Pró Escarpa”.
A partida ocorreu hoje, segunda-feira, dia 11, às 09h, no Parque São José, em São José dos Pinhais. Ainda hoje, eles chegam até a Lapa. A intenção dos “ciclo-tropeiros” é alcançar o município de Sengés, o último da lista, dia 19 de dezembro, na próxima terça. A viagem encerra na cachoeira do Vale do Corisco, uma das mais exuberantes da região.
O percurso pode ser acompanhado em tempo real pelo link: http://bit.ly/2BaEtPO.
Ciclo-Tropa Pró Escarpa
Desde o final de 2016, tramita na Assembleia Legislativa do Estado (ALEP-PR) o projeto de lei 527/2016, que prevê a mutilação da APA, que é a maior unidade de conservação do Paraná. “Pensamos no ciclo porque vimos uma excelente oportunidade de associar o uso de um meio de transporte ecologicamente correto, como a bicicleta, à defesa de uma causa, como a preservação dos Campos Gerais, diz Bento Aleixo, um dos ciclistas responsáveis pela organização da viagem.
Ele e Marcelo Vieira são, respectivamente, segundo sargento e soldado da Polícia Militar do Paraná. Alexandre Luvizotto é paramédico, agente municipal da Secretaria Municipal de Trânsito (Setran) de Curitiba e montanhista. Há anos, os três incorporaram o uso das bicicletas no dia a dia e a defesa da adesão ao transporte não motorizado.
Bento lembra que ainda não existe no Paraná um circuito de cicloturismo, que poderia ser proposto pelo poder público. “Estados como Santa Catarina já contam com modelos inspirados em propostas internacionais”, lembra.
Para Vieira, o Paraná está atrasado, mas ainda pode fazer muito nesse sentido. “A região dos Campos Gerais tem potencial enorme para todo tipo de esporte de natureza com impacto mínimo. Isso precisa ser enxergado e valorizado”, defende.
A região por onde passa a APA é riquíssima, não apenas por reunir características naturais únicas nacional e mundialmente, mas também pela importância histórica e cultural que conserva.
Ao longo do trajeto, os ciclistas vão pernoitar em alguns municípios, estão preparados para acampar se preciso e pretendem registrar imagens e fazer gravações de todo o trajeto, além de conversar com os proprietários rurais que se mostrarem disponíveis.
O dia a dia deles poderá ser acompanhado na página do Observatório de Justiça e Conservação (OJC) no Facebook, Twitter e no perfil do Instagram.
O OJC foi procurado pelos ciclistas e apoia a viagem em questões logísticas e na divulgação do esforço à imprensa. Também criou a logomarca do movimento, viabilizou a produção das camisetas e bandeiras usadas pelos ciclistas durante a viagem, além de uma câmera GoPro para os registros do percurso.
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