A Grande Reserva Mata Atlântica é uma região única no mundo que envolve um extenso trecho preservado do litoral sul de São Paulo até o norte de Santa Catarina. A área abriga uma vasta floresta tropical, um belíssimo conjunto de montanhas, baías deslumbrantes, manguezais preservados e uma rica biodiversidade terrestre e marinha.
O Programa de Conservação e Recuperação da Biodiversidade Marinha da Associação MarBrasil – REBIMAR, em conjunto com os objetivos do Programa Petrobras Socioambiental, querer contribuir para a conservação de espécies-chave e manutenção dos serviços ecossistêmicos que incluem a produção de ar limpo, água e alimento de qualidade deste território tão singular, além de contribuir com o combate às mudanças climáticas.
Nesta edição, manguezais, ilhas oceânicas e recifes artificiais serão monitorados e estudados por dois anos. O REBIMAR acredita na importância da conservação dos ambientes costeiros para a saúde de toda a sociedade. O foco principal desta edição será o trecho paranaense da costa até São Paulo, área que abriga ecossistemas únicos e espécies marinhas como Tartaruga-verde, Mero, Raias, Tubarões, Caranguejos, Gaivotas, Fragatas e Atobás.
Será desenvolvido também um amplo trabalho de sensibilização socioambiental, com ênfase nos direitos humanos a um ambiente equilibrado e na igualdade de gênero, com participação prioritária das mulheres nas pesquisas científicas e nas ações de educação ambiental.
Além da relevância ecológica, a Grande Reserva Mata Atlântica proporciona uma variedade de serviços naturais, que vão desde a oferta de alimentos, energia, recursos minerais, proteção contra erosão da costa, espaços de lazer até a regulação do clima e o armazenamento do carbono atmosférico (Carbono Azul).
A alta diversidade de habitats costeiros em bom estado de conservação observada na região do litoral do Paraná e sul de São Paulo foi um importante fator na inclusão da região como “Área Prioritária para a Conservação, Uso Sustentável e Repartição dos Benefícios da Biodiversidade da Zona Costeira e Marinha” pelo Ministério do Meio Ambiente, em 2018, e também no Plano de Ação Nacional para a conservação de espécies ameaçadas de extinção, do ICMBio.
No entanto, a ação humana das últimas décadas tem comprometido a saúde dos ambientes e das espécies, levando a uma união de esforços entre instituições de ensino, organizações não governamentais e iniciativa privada para sua proteção e estudo.
As edições anteriores do Programa REBIMAR, também patrocinadas pelo Governo Federal, demonstraram a relevância no uso de recifes artificiais para ecossistemas e espécies costeiras e marinhas, a exemplo do Mero e da Tartaruga-verde. A terceira edição buscou compreender aspectos relacionados ao ciclo de vida dessas espécies. Na quarta edição serão acompanhadas espécies-chave com reconhecida importância para a conservação e seus habitats como indicadores ecológicos.
A proposta é compreender melhor o estado de conservação dos ecossistemas de manguezais, seu papel na manutenção do ciclo de vida dessas espécies e seu potencial no sequestro de carbono.
O Projeto REBIMAR propõe, nesta edição, ações de educação ambiental modernizadas, com o enfoque na ciência cidadã, bem como ações de comunicação social. “Ao final, vamos entender melhor o papel da Grande Reserva da Mata Atlântica na conservação da biodiversidade marinha e no fornecimento de serviços ecossistêmicos e disseminar essas informações para a população, em especial aos jovens e crianças, com foco na inserção das meninas na ciência, em consonância com o objetivo 5 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organizações das Nações Unidas (ONU) que tem como meta alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”, afirma André Cattani, coordenador geral do REBIMAR IV.
Três pesquisadoras especializadas em manguezais vão atuar no projeto: Sarah Charlier Sarubo, do Laboratório de Ecologia e Conservação (CEM/UFPR), Marília Cunha Lignon, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP) e Cassiana Baptista Metri da Universidade Estadual do Paraná (Unespar – Campus de Paranaguá).
“Entender o grau de conservação dos manguezais é absolutamente importante para compreensão da nossa resiliência ao cenário de impactos ambientais que já estão acontecendo. Os manguezais são importantíssimos na regulação do clima, têm a capacidade de assimilar carbono da atmosfera muito maior do que outros ambientes naturais. Comparando com a Amazônia é duas vezes maior e comparando com o Cerrado chega a ser seis vezes maior. Cada metro quadrado de manguezal é um reforço na nossa sobrevivência frente às mudanças do clima”, enfatiza Cassiana Metri.
“Espero que o REBIMAR IV revele a situação da saúde dos ambientes marinhos da Grande Reserva Mata Atlântica, assim como possa contribuir com políticas públicas e com a sociedade no direcionamento de como podemos juntos, cuidar destes ambientes”, conclui Juliano Dobis, Coordenador Financeiro e Coordenador de Políticas Públicas do Programa REBIMAR.
Box manguezais
Quanto mais protegido o manguezal, mais peixes no mar e mais oxigênio
Os manguezais ficam na região de transição entre o mar e a costa, espaços sensíveis que abrigam uma vegetação típica com muitas raízes aparentes e subterrâneas e modificações nos caules que sustentam as plantas no solo lamoso.
O solo fértil e úmido é repleto de nutrientes. Essas características, somadas às águas calmas, protegidas das correntes marítimas, tornam os manguezais locais perfeitos para abrigo, alimentação e reprodução de diversas espécies. São berçários naturais para aproximadamente 80% dos animais marinhos que têm alguma fase da vida, ou a vida toda, ligada a esse ambiente. A região da Grande Reserva Mata Atlântica forma a segunda maior área de manguezais do Brasil.
Os bosques de mangue fornecem serviços ambientais de extrema importância, pois armazenam mais carbono do que qualquer outro tipo de floresta, ou seja, absorvem em grande quantidade o gás responsável pelo aquecimento global e pelo agravamento das mudanças climáticas.
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