Cresci passando minhas férias na casa do meu avô, em Pontal do Paraná, no litoral do estado, e sempre frequentei a Ilha do Mel. Nutro um afeto muito especial por esse lugar. Ao conhecer, com indignação, o projeto da construção de um complexo logístico portuário na região, resolvi pesquisar a fundo, para, posteriormente escrever meu trabalho de conclusão de curso com esse tema, abordando todos os danos e impactos, sociais e ao meio ambiente, que a obra pode acarretar.
Ao longo de minha pesquisa, percebi que os danos ambientais e socio-econômicos que essa construção pode acarretar são chamados de intergeracionais, ou seja, serão enfrentados pelas futuras gerações, sendo também, na maioria dos casos, irreversíveis.
E por isso, essa busca por desenvolvimento não pode ser pautada em favorecimentos de interesses próprios, devendo, a preservação ambiental ser percebida em uma perspectiva que vai além do presente, numa visão intergeracional, com o compromisso ético com as gerações vindouras. Assim, as resoluções de questões ambientais são um processo de desconstrução de pensamento diário, fruto de luta e debates.
Durante todo meu período escolar tive influências que me fizeram dar uma atenção especial ao tratar do tema meio ambiente. Na faculdade, com certeza a matéria que mais me interessou foi o Direito Ambiental, e tudo isso contribuiu para a elaboração do meu trabalho.
Porém, acredito fazer parte de uma parcela privilegiada da população por ter obtido essa instrução desde sempre. É por isso que acredito que o incentivo à democratização desse conhecimento deva ocorrer desde cedo.
Nós, jovens, que adquirimos esse conhecimento, temos o dever de difundí-lo. E não é só. Devemos realizar ações que estão ao nosso alcance para propiciar uma movimentação em defesa ao meio ambiental, para a busca de um desenvolvimento sustentável.
Um dia me deparei com uma citação que dizia o seguinte: “Sou um só, mas ainda assim, sou um. Posso não conseguir fazer tudo, mas posso fazer alguma coisa e, por não poder fazer tudo, não deixarei de fazer o pouco que posso”.
Precisamos nos mobilizar para então, mobilizar uma próxima geração. Visto que, a exploração inconsciente dos nossos recursos, resulta na violação a todas as às proposições da Carta das Nações Unidas e demais diplomas de proteção dos direitos humano.
É necessário o diálogo com um futuro pelo qual muitos de nós não estaremos presentes. Creio que ainda existam barreiras financeiras e estruturais para que essa educação ambiental como um todo ocorra de uma forma concreta. Todavia, acredito ainda mais que o principal obstáculo seja político e cultural. E nós devemos ser responsáveis por essa mudança de pensamento.
Seja na academia ou na rua, é nosso dever agir perante todos os desmontes nas políticas de defesa ao meio ambiente, colocando sempre o respeito à humanidade acima de toda e qualquer busca desenfreada por um poder sem consciência.
Devemos ter voz, e sempre que tivermos a oportunidade disseminar todo o conhecimento que adquirimos. É necessária a construção de uma nova ética ambiental pautada na conservação e no respeito ao próximo. O planeta pede socorro. E a solução está nas nossas mãos.
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